Sabe aquela máxima que diz que “bebida sem história não é bebida”? Pois bem, falar sobre E. Guigal não é falar apenas do maior e mais importante produtor do Vale do Rhône, mas também mergulhar em uma história intensa de batalha, superação, tradição, rigor e paixão pelo que faz. Para dar um “sabor” a mais aos vinhos que tornaram E. Guigal a oitava marca, dentre as 50 mais admiradas no mundo*, vamos conhecer e entender um pouco de sua história e trajetória.
A História
Etienne Guigal era o caçula de uma humilde família italiana. Por ser o mais robusto dentre os irmãos, foi deixado por seus pais no mercado local para que passasse a viver por sua conta e risco, uma vez que eles já não tinham condições de mantê-lo.
E foi assim que E. Guigal chegou em Ampuis visando trabalhar na colheita de damascos. No entanto, em meados de 1930 e com apenas 14 anos de idade, o jovem Etienne teve um golpe de sorte ao conseguir um emprego nas vinhas do Fleury Vidal.
Com esforço e dedicação, E. Guigal construiu dentro das vinhas uma carreira que evoluiu relativamente rápido: ao longo de 15 anos ele passou do árduo trabalho nas podas para Maitre de Chai, até que em 1946 conseguiu iniciar sua própria empresa, a E. Guigal.
Ao contrário de sua experiência pessoal anterior, Etienne fez questão de contar com a ajuda de seu filho Marcel e o envolveu naturalmente nos negócios da família desde muito cedo. Mas foi a partir de 1961 que essa parceria provou sua força: um certo dia, Marcel teve que voltar às pressas da escola para casa devido a uma doença que acometeu Etienne e o levou a uma cegueira total. A partir daí a administração da propriedade passou a ser feita por pai e filho, até que Marcel tivesse conhecimento e autonomia suficientes para assumir a empresa.
Assim foi feito: sob a liderança de Marcel, a E. Guigal ganhou fôlego novo, uma ética de trabalho incomparável e dedicação total para garantir a qualidade de seus produtos. O jovem filho de Etienne foi o responsável por levar os vinhos E. Guigal ao ápice, bem como elevou o status da Domaine Guigal para vinícola líder do Vale do Rhône
Crescimento e Expansão
A trajetória E. Guigal teve sua ascendência nos últimos 30 anos. Em meados da década de 1980 eles compraram a Fleury Vidal, empresa onde Etienne começou sua carreira. Etienne morreu em 1988. A partir da década de 1990, a força de expansão da E. Guigal se intensificou.
Em 1995, Marcel comprou o Château d’Ampuis e, após uma extensa reforma, o local que foi construído no século XII e é considerado um monumento histórico passou a abrigar a sede da empresa, as adegas e os vinhos envelhecidos. É nesta propriedade, inlcusive, que ficam alguns dos vinhos mais cobiçados do mundo: Château d’Ampuis, La Mouline, La Turque e La Landonne. Já em 2001, a família comprou Grippat e Vallouit, e em 2006, o Domaine de Bonserine.
Ao todo, são mais de 150 hectares de extensão de propriedade E. Guigal! Atualmente, a tradição de liderança está em sua terceira geração, nas mãos de Phillipe, filho de Marcel. Ele se tornou Diretor e Enólogo da E. Guigal e carrega consigo o compromisso firmado pelos seus antecessores, que sempre primaram pela produção com alta qualidade. Não é à toa que E. Guigal carrega o título de “Rei do Rhône”
“Os vinhos da E. Guigal são Valores de Referência para cada denominação Rhône”
O QUE FAZ DA E. GUIGAL UMA EMPRESA LÍDER EM EXCELÊNCIA E QUALIDADE?
Para uma empresa chegar à liderança dentro do ramo de atuação ao qual pertence, deve-se considerar que muitos acertos, principalmente administrativos, foram feitos em prol de seu crescimento. Vamos entender como a família E. Guigal lidou com a administração de suas terras e fez de sua propriedade uma das mais admiradas no mundo dos vinhos?
A primeira diretriz vem da decisão de que só vão comprar vinhedos que sejam capazes de produzir vinhos verdadeiramente grandiosos. Portanto, apesar de sua importante e volumosa produção, possuem apenas 150 hectares, todos no Rhône Norte: são donos da melhor seleção de vinhedos na Côte-Rôtie; uma área cuidadosamente selecionada em Condrieu; quatro parcelas em Hermitage e alguns dos melhores vinhedos em Crozes-Hermitage. Estes 150 hectares são, de fato, as melhores áreas na Rhône do Norte e servem como base para todos os seus vinhos produzidos.
A segunda diretriz importante vem da abordagem E. Guigal de viticultura. A família é incansável no trabalho nas vinhas abruptamente inclinadas. Eles são metódicos no cultivo e acreditam nos solos, exposições ao sol e micro-climas das regiões. Sua filosofia é, através da poda, limitar estritamente o número de brotos por videira, visando diminuir o rendimento e melhorar a qualidade de vida da vinha e do fruto, sempre à procura do equilíbrio natural.
Não utilizam pesticidas, herbicidas ou quaisquer outros produtos químicos nas plantações. Algumas das vinhas E. Guigal praticamente remontam às da década de 1890 e isso, por si só, é um testemunho para o cultivo e a ilustração da abordagem obsessiva que os Guigals têm em seus vinhedos
Em terceiro lugar: E. Guigal é uma empresa que tem um estilo ímpar para negociar. A família conhece o Rhône do Norte como ninguém, e isso lhes permite comprar uvas dos melhores produtores. No total, eles vinificam cerca de 33% de Côte-Rôtie e 45% de Condrieu, além de ter acesso às frutas superiores em todas as regiões em que trabalham.
No Rhône do Sul eles compram apenas as uvas e com uma abordagem distinta, ou seja, eles não têm um único contrato. Marcel e Philippe têm um prazer incansável de começar do zero a cada ano. Também é importante observar que eles decidem muito cedo qual o vinho que vão comprar, às vezes antes mesmo de terminar o processo de fermentação maloláctica.
A partir de sua experiência de acesso e trabalho inicial, eles se dão a oportunidade de encontrar os melhores vinhos possíveis e acabam se deparando com grandes produtos que ainda estão nascendo, independentemente das considerações da safra ou preço. A ética E. Guigal durante o trabalho de encontrar a melhor fruta e vinhos no Vale do Rhône pode ser resumida pelo lema do Chateau d’Ampuis: sans bien la peine Nul que, traduzindo, significa que “não é bom sem dor”.
Em quarto lugar: a vinificação E. Guigal é singular no mundo do vinho e permite que suas grandes matérias-primas possam ‘florescer’ na garrafa. A abordagem que usam na vinificação remonta a tradição no Vale do Rhône, com longo envelhecimento, que integra taninos, sabores e cria vinhos de grande complexidade e requinte. Por causa de seus frutos superiores, os Guigals não fazem sequer “um vinho simples”.
Os produtos demandam de tempo para estarem prontos. Todos os vinhos estão sujeitos a fermentações de leveduras naturais. Qualquer intervenção é, no mínimo, nua, sem colagem ou filtração. Os melhores vinhos E. Guigal passam por períodos de maturação bem longos em barril, podendo durar até três anos e meio.
Os Guigals são tão exigentes sobre o processo de envelhecimento que produzem artesanalmente cada barril utilizado em sua adega, considerando a manufatura de pelo menos um novo barril por dia que é feito pelo seu cooper, único no Chateau d’Ampuis. Estes barris são destinados para os seus vinhos do Rhône do Norte, enquanto eles usam foudres construídas dentro de especificações bem precisas para os seus vinhos do Rhône do sul.
Enfim, podemos dizer que quanto mais você aprende sobre a família Guigal, mais surpreendente torna-se a história dos produtos que chegam até você. Seus vinhos são Valores de Referência para cada denominação Rhône e, ao longo dos últimos 30 anos, a E. Guigal tornou-se sem dúvidas a produção mais elogiada no mundo. Ano após ano, essa família produz vinhos de qualidade excepcional e que agregam um valor indiscutível em todas as classes.
E. Guigal é o produtor com o maior número de vinhos com a pontuação máxima do crítico Robert Parker!
Eleito número 7 das 50 “marcas de vinho mais admiradas no mundo” pela DRINKS INTERNATIONAL, em 2019.
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