Este final de ano promete ser um pouco diferente. Com todos mais reclusos por causa da pandemia do novo coronavírus Covid-19, um programa que aparece certo é a maratona enogastrômica típica da ceia de Natal. Veja a seguir a análise dos especialistas de conteúdo da TodoVino – loja online de vinhos, cervejas e destilados – sobre este momento único.
Nesta época não é raro ver em uma única mesa boa parte da cadeia alimentar do ser humano, com pescados, aves e carnes vermelhas de todas as origens; isto para ficar apenas nas proteínas animais.
Considerando o arco-íris de cores, aromas e sabores à mesa, é previsível que a escolha do vinho para acompanhar a ceia de Natal traga alguma tensão. Tanto se fala em regras e critérios de harmonização, taças e temperaturas, que a resposta para as combinações parece destinadas aos oráculos. A primeira e mais importante regra é: fique tranquilo, não será apenas um rótulo que harmonizará com sua receita e mostramos os caminhos para você acertar a direção.
Um bom ponto de partida é entender que um prato não irá “consertar” algum vinho que você não goste e vale o mesmo para a forma recíproca, seu vinho favorito não melhorará o prato que não é do seu agrado. Portanto, escolha um estilo de vinho, procedência ou variedade de uva e uma receita que goste.
Outra lógica que funciona, mas que especialistas por vezes preferem subverter o caminho mais didático, é que espumantes são melhores como aperitivos, por suas borbulhas e frescor, vinhos brancos têm maior afinidade com vegetais e carnes brancas, e os tintos, principalmente pelos seus taninos, com carnes vermelhas.
Partindo para as soluções práticas, algumas das entradinhas favoritas na mesa de fim de ano contemplam bruschetta com tomates, brie empanado, quiche ou torta de legumes e saladas com grãos, como as tradicionais com lentilhas e grão de bico. Neste caso e para começar a refeição, o frescor de um espumante ou um Chardonnay sem a presença de madeira (sem passagem por barricas) apontam para um caminho sem erro. O efeito da salivação e sensação cítrica mantém todos os paladares despertos para o que seguirá no menu.
O onipresente e clássico peru de Natal é ótimo par para um branco com bom corpo, caso clássico da Chardonnay. Se assado com frutas vermelhas ou se servido com um coulis com as mesmas frutas, há espaço para um tinto delicado, como os feitos com a Pinot Noir.
Partindo para os cortes suínos, o lombo, corte magro e tenro pode receber a companhia tanto da Chardonnay (principalmente se temperado com ervas aromáticas) quanto da Pinot Noir em uma versão mais frutada do Novo Mundo. Já cortes mais suculentos e cheios de sabor, como o pernil e a copa-lombo, pedem a companhia de um tinto rico em frutas mas não muito tânico, caso da Merlot.
O bacalhau também faz parte da mesa natalina e quando se fala em harmonização os portugueses costumam dizer: “bacalhau não é peixe, nem carne”; Uma forma bem humorada para dizer que tanto tintos (com poucos taninos) quanto brancos escoltam o pescado curado. Uma forma criativa e com ótimo resultado é acompanhá-lo com um espumante brut, especialmente se frito ou regado com bastante azeite.
Entre os sabores mais potentes da mesa de Natal estão o tender e o cordeiro, ambos normalmente temperados com especiarias e assados, o que concentra ainda mais seus sabores e trazem alguma doçura e complexidade. Aqui não há como escapar de tintos mais encorpados e até com toques defumados da passagem por barricas de carvalho. Desde a firmeza tânica da Tannat, até o calor e a doçura das frutas negras da Primitivo são escolhas certeiras.