Champagne é o rei absoluto quando se pensa em vinhos espumantes. A majestade não veio ao acaso e além do terroir, a técnica desenvolvida por monges e enólogos ao longo dos séculos forjaram o padrão inimitável da bebida. Nesta seleta corte, encontra-se uma marca icônica – a Taittinger.
Antes de entrar no capítulo do terroir de Champagne, a posição geográfica da região é fundamental para entender a sua história. Situada à nordeste de Paris a região está justamente no caminho para a Alemanha, o que a colocou na rota de disputas e batalhas territoriais durante as principais guerras em que França e Alemanha se opuseram, em especial na 1a. Guerra Mundial. Produtores históricos de Champagne, como Taittinger, passaram fases de altos e baixos, conforme guerras, fornecimento para as principais cortes europeias e bloqueios comerciais atuavam contra e a favor de acordo com a época.
Embora a história da Taittinger remonte à primeira metade do século XVIII, o nome Taittinger surge como marca familiar apenas em 1932, quando Pierre Taittinger, veterano da 1a. Guerra Mundial alocado no Château de Marquetterie, decidiu comprar a propriedade do produtor de Champagne Forest-Fourneaux. A família, porém, era comerciante de vinho há mais de 50 anos antes de entrar na produção de Champagne. O primeiro Champagne lançado por Tattinger se chamava Les Folies de la Marquetterie (produzido até hoje), um single-vineyard feito a partir do vinhedo do château, que foi plantado pelo monge beneditino Jean Oudart, colega de Dom Pérignon.
Pierre Taittinger e dois de seus filhos, François e Claude, se revezaram no comando de Tattinger até 2005, quando a vinícola foi comprada por um grupo de hotelaria. A nova gestão durou apenas um ano, quando Pierre-Emmanuel Taittinger, sobrinho de François Taittinger, capitaneou o fundo familiar e recomprou a vinícola para os braços da família, em uma operação que, especula-se, superou 600 milhões de Euros e também incluiu o Domaine Carneros, conhecido produtor de espumantes na Califórnia que Claude Taittinger inaugurou em 1987. A partir de 1o. de janeiro de 2020, Pierre-Emmanuel passou a presidência de Tattinger para sua filha Vitalie, que já trabalhava na vinícola há 12 anos.
O elevado valor da negociação se justifica pelos 288 hectares de vinhedos (48% Pinot Noir, 37% Chardonnay e 15% Pinot Meunier) que a Taittinger possui em Champagne, uma extensão rara, dividido em 34 diferentes vilas de Champagne, que são responsáveis por fornecer praticamente metade da uva necessária anualmente para a casa.
Cuvée prestige
A marca da Taittinger está na grande presença da Chardonnay em seus Champagne. Até mesmo sua cuvée de entrada, a Brut Réserve leva 40% de Chardonnay (mínimo de três anos de repouso nas caves antes de ir ao mercado), proporção incomum na categoria e que reforça o sentido de elegância e finesse da Taittinger, consolidado pelo chef de cave Loïc Dupont entre 1984 e 2018 e hoje nas mãos de seu braço-direito desde 2015, Alexandre Ponnavoy. No mesmo ano que o novo chef da cave se juntou a Taittinger, a casa nomeou também uma nova diretora de viticultura, Christelle Rinville, responsável pelo manejo dos vinhedos, entre eles, os mais de 60 hectares com classificação Grand Cru, uma grande joia de Champagne.
A cuvée prestige (nome dado ao melhor champagne da casa, normalmente safrado) da Taittinger é Comtes de Champagne. A grande estrela da casa é produzida desde 1952 e é uma das maiores referências de Champagne Blanc de Blancs, isto é, feito unicamente a partir da Chardonnay. Para esta linha são utilizados apenas 5 vinhedos (em Avize, Chouilly, Cramant, Oger, Mesnil-sur-Oger), todos classificados como Grand Cru. Cerca de 5% do vinho base estagia por cinco meses em barris de carvalho e reforça a estrutura da Chardonnay. O período “sur lie”, o tempo de contato com as borras das leveduras, excede os 10 anos. O Comte de Champagne Blanc de Blancs e seu irmão na versão Rosé, são amadurecidos na sede da vinícola, a Abadia Saint-Nicaise, cujas caves escavadas no solo calcário a 18 metros abaixo da superfície criam condições ideias de temperatura e umidade para a lenta e gradual evolução desta cuvée especial da Taittinger. Desde seu lançamento em 1952 foram produzidas apenas 35 safras de Taittinger Comte de Champagne.
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